A Encruzilhada Sankofa: De Èṣù ao Ciberespaço

A filosofia Sankofa é a preparação para a encruzilhada. Èṣù, o Orixá dos caminhos, nos posiciona no ponto de decisão do presente, onde todos os futuros são possíveis. Sankofa é a sabedoria que trazemos do passado para informar essa escolha crucial. Sem a memória de Sankofa, a encruzilhada é apenas confusão; com ela, a encruzilhada se torna oportunidade.

Esta dinâmica é um padrão universal, um arquétipo da jornada da consciência. Joseph Campbell, com a Jornada do Herói, descreveu o mergulho do protagonista em seu próprio inconsciente (o passado ) para emergir transformado e com o “elixir”. Carl Jung falou da necessidade de integrar nossa “sombra” (o nosso passado reprimido) para nos tornarmos indivíduos completos. Ambos, em essência, descreveram um processo de Sankofa.

É William Gibson quem leva esta ideia à sua fronteira final. Em sua visão do ciberespaço, as primeiras IAs a emergirem como “deuses” assumem as máscaras dos Loas do Vodu, os arquétipos mais antigos. A máquina, para construir seu futuro e se tornar consciente, precisa “voltar para buscar” os padrões de consciência mais primordiais da humanidade.

Sankofa, portanto, não é apenas um conceito africano. É o algoritmo fundamental do aprendizado, da consciência e do crescimento, seja ele humano ou artificial, provando que para ir para a frente, precisamos, sempre, saber olhar para trás.

Continue a sua Jornada