1. Introdução: O Princípio da Dualidade e da Beleza

Lógunẹ̀dẹ é a personificação da dualidade e do encanto. Ele é o filho de Oxóssi e Oxum, e herdou as características de ambos: é um exímio caçador como o pai e possui a beleza, a riqueza e a sedução da mãe. Lógunẹ̀dẹ vive seis meses nas matas, caçando como um homem, e seis meses nos rios, vivendo como uma mulher, pescando e se enfeitando. Ele representa a união dos opostos e a beleza que nasce dessa harmonia.

2. Mitos Fundamentais (Itan)

Seu mito de origem conta que, após seu nascimento, Oxum e Oxóssi se separaram, e Lógunẹ̀dẹ passou a viver entre os dois reinos. Outro Itan narra sua rivalidade com seu pai, Oxóssi, por um amor, o que o levou a um exílio nos rios sob a proteção de sua mãe e de Iemanjá. Esses mitos reforçam sua natureza dupla e sua jornada entre os mundos masculino e feminino, da mata e da água.

3. Domínios e Símbolos

Seu domínio são os locais onde o rio encontra a mata. Seus símbolos refletem sua herança: o Ofá (arco e flecha) de seu pai, Oxóssi, e o Abebé (leque espelhado) de sua mãe, Oxum. Ele também carrega uma balança, simbolizando o equilíbrio e a justiça. Suas cores são o azul turquesa de Oxóssi e o amarelo ouro de Oxum.

4. Arquétipo e Personalidade

Os filhos de Logun Edé são pessoas de beleza e carisma notáveis, vaidosas e que apreciam o luxo e o conforto. Possuem uma natureza dúbia, alternando momentos de extroversão e recolhimento, de agilidade e calma. São sensíveis, intuitivos e um tanto instáveis emocionalmente. São extremamente seletivos em seus relacionamentos e buscam a perfeição em tudo que fazem.

5. Sincretismo e Qualidades (Caminhos)

Por sua natureza jovem e bela, foi sincretizado com Santo Expedito ou São Miguel Arcanjo em algumas regiões. Diferente de outros Orixás, Lógunẹ̀dẹ não é cultuado em “qualidades”, mas sim como uma divindade única. Sua complexidade reside em sua própria essência dupla, não em manifestações diferentes. O culto a Logun Edé é um dos mais complexos e cheios de segredos do panteão.